....que é o fim do mundo, mas não é. Você acha que a
sua dor é a pior de todas as dores já existentes, mas está enganado. Fácil é
sofrer, passar dias trancado no quarto, chorar até que a última gota do seu
corpo se esgote. Difícil é superar. E mais difícil ainda é se convencer de que
superou. Fácil é acabar com a vida pra acabar com a dor, difícil mesmo é
levantar todos os dias com um buraco no peito e colocar a roupa de existir.
Dizer que está bem é fácil, complicado é estar. Escutar aquela música, sentir
aquele cheiro e visitar aquele lugar parecem ser coisas que ardem o fundo da
alma, porque as lembranças doem como álcool em ferida aberta. Mas a verdade é
que não sentir mais nada dói bem mais. O fim de um sentimento é mais triste do
que o seu fim propriamente dito. É mais difícil enterrar histórias, momentos e
sorrisos à enterrar-se. Enquanto ainda há uma faísca em meio ao fogo apagado,
de certa forma também ainda há importância. Sofrer por se importar é natural,
estranho é sofrer por não fazer mais diferença alguma. Continuar dentro de uma
bolha de solidão e sofrimento é escolha sua, assim como lutar pra sair dela
também. Fácil é olhar a vida passando e ficar estático no mesmo lugar,
amargurado, desiludido, cabisbaixo. Difícil é assumir que está no fundo do poço
e, sim, precisa de ajuda. Difícil é estufar o peito e não se deixar abalar por
nada. Fácil é chorar pela cicatriz adquirida, difícil é aceita-la como uma
tatuagem interna que faz parte de você.